Desidratação Epidérmica: Por que isso acontece?

O termo desidratação é uma das palavras mais mal utilizadas em nosso setor de estética, e este artigo foi escrito para dissipar alguns dos mitos e equívocos comuns sobre a água na pele.

Compreender totalmente o papel que a água da pele desempenha nas funções das células e dos sistemas já é um bom começo.

Desidratação epidérmica

O óleo produzido pela glândula sebácea e água trabalham em sinergia para produzir hidratação correta na epiderme.

Se não houver água suficiente no sistema do corpo o termo desidratação é usado para descrever a falta de água, e o remédio é beber mais água e aumentar a hidratação.

Do início a meados da década de 1950, os primeiros hidratantes surgiram no mercado e as empresas de cuidados com a pele procuraram uma palavra que pudesse descrever a falta de água na pele. A palavra desidratação foi o resultado, e tem sido a terminologia usada por empresas de cuidados com a pele para vender hidratantes desde então.

A palavra hidratar é facilmente relacionada à água, dando a ilusão de que havia uma percepção de falta de água na pele (desidratação), um hidratante amenizaria o problema. Fornecedores e formuladores de produtos de terapia de beleza pegaram a palavra desidratação e a usaram para descrever tratamentos de salão e produtos usados para hidratar a pele.

Ao longo do caminho, o verdadeiro entendimento da palavra desidratação foi se perdendo e, consequentemente, nós, profissionais, também nos perdemos.

Desidratação significa falta de água livre dentro de um sistema.

Portanto, fazer um diagnóstico de desidratação é difícil porque não é tão perceptível para ser visto como uma condição específica da pele. A falta de água livre (desidratação) é, no entanto, a causa de uma série de outras doenças da pele, tais como: Excesso de queratinizarão, comprometimento do sistema linfático e envelhecimento acelerado da pele, como perda de integridade estrutural do colágeno.

É importante lembrar que a hidratação epidérmica é diretamente afetada pela ingestão de líquidos da cliente e, se essa ingestão de líquidos não for mantida em um nível aceitável, todas as funções de secreção, respiração e transpiração da pele serão prejudicadas.

É o comprometimento dessas funções e sistemas que se manifestam como as várias doenças da pele que historicamente foram agrupadas como desidratação.

Hoje, somos mais sábios e entendemos que cada uma dessas condições deve ser identificada e tratada como entidades separadas para obter os melhores resultados, pois cada uma tem diferentes efeitos colaterais em outros sistemas complementares.

Quando dizíamos que a pele está desidratada, a que nos referimos como a condição específica a ser tratada?

Qual foi a causa dessa desidratação que estávamos observando?

Quanto a pele foi afetada pela falta de água e quais foram as medidas a serem tomadas?

Acabamos de aconselhar nossa cliente a beber mais água. Será que o problema vai melhorar?

Vamos explorar como podemos esmiuçar o termo desidratação que é frequentemente mal utilizado e generalizado, e substituí-lo pela terminologia correta que descreve melhor as fases da água da pele, suas origens e ciclo de sistemas.

Desidratação

A hidratação equilibrada é determinada por quatro fatores principais:

1. A umidade do ar e do ambiente

2. O poder de retenção de água do estrato córneo

3. A quantidade de água transmitida das camadas internas da pele para as externas

4. O tempo que a água leva para se mover das camadas inferiores da pele até o estrato córneo.

Todas essas quatro coisas influenciam o movimento da água através da pele e, quando falamos sobre o movimento da água, usamos as palavras Perda e Fluxo transepidérmico de Água (PTEA).

Existe uma lei simples da física que pode ser aplicada a PTEA que é: O óleo fica em cima da água.

Logicamente, se quisermos reter água dentro da epiderme ou diminuir o movimento de perda de água, as fases oleosas da pele são a chave para isso. Para nos permitir compreender totalmente esses sistemas e subsistemas, e os efeitos relativos que eles têm na saúde da pele, faremos uma rápida revisão dos sistemas de equilíbrio de fluidos da pele.

A hidratação equilibrada depende de uma série de fatores

O que fazer para ter uma pele bem hidratada?

A hidratação equilibrada da pele começa com um bom funcionamento do sistema linfático / circulatório. O líquido intersticial é levado para a derme por meio do sistema circulatório; aqui, ele será atraído pelo conteúdo hialurônico dos glicosaminoglicanos (GAGs) na derme que foi feita pelo fibroblasto.

Uma porcentagem de água livre irá passar para a camada basal da epiderme e tornar-se parte da fase aquosa da epiderme, a qual será adicionada por aminoácidos que foram feitos pela quebra da Filagrina na camada granulosa.

O poder de retenção de água na epiderme

A retenção de água na epiderme pelo maior tempo possível ajudará na atividade enzimática e na saúde celular. As fases oleosas da epiderme mencionadas fazem parte dos sistemas de defesa que retardam o movimento da água através da epiderme e a evaporação do fator de hidratação natural epidérmico (NMF).

Sistema linfático

A fim de manter as características de proteção ideais, os níveis de hidratação na rede linfática / circulatória devem ser equilibrados.

Com os níveis de hidratação desequilibrados, surgem condições cutâneas como o excesso de queratinização causada por atividade enzimática prejudicada ou perda de colágeno da integridade estrutural agravada por baixas reservas dérmicas.

A hidratação epidérmica e dérmica é diretamente afetada pela ingestão de líquidos da cliente. Se a ingestão de líquidos não for mantida em um nível aceitável, todas as funções de secreção, respiração e transpiração da pele serão prejudicadas.

A umidade do ar e do ambiente

É muito importante, pois desempenha um papel na hidratação da pele. Condições de alta umidade resultarão em menores perdas de água transdérmica e níveis de hidratação mais equilibrados. Por outro lado, condições de baixa umidade (ar seco) causarão fluxos de água transdérmicos maiores que o normal e, consequentemente, menores níveis de hidratação da epiderme.

Estrato Córneo

O corneócito desempenha um papel na redução do movimento da água através da pele.

Para explicar isso eu vou começar pelos queratinócitos que são as células típicas da Epiderme.

Os queratinócitos produzem lipídeos e proteínas, das quais a mais importante é a queratina.

Assim que a superfície da pele fica repleta de queratina, o queratinócito perde o núcleo e “morre” tornando-se um corneócito.

Juntando os corneócitos + os lipídeos produzidos na epiderme + o sebo produzido pelas glândulas sebáceas + a água com os sais minerais provenientes da sudorese, forma-se um filme sobre a pele, este filme chama-se barreira cutânea que serve como proteção à pele.

Quando a barreira cutânea está danificada a pele fica seca, ocorre um desequilíbrio da microbiota, ou seja, um desequilíbrio das bactérias boas da pele, facilitando a entrada de fungos e bactérias prejudiciais, penetração de alérgenos e renovação celular anormal.

Já numa pele com a barreira cutânea sadia temos a retenção da umidade, a microbiota encontra-se normal, a penetração de alérgenos será evitada e a renovação celular ocorre normalmente também.

Mantendo os níveis de lipídios da pele

O manto hidrolipídico é um pouco ácido em média 5,5. Essa acidez protege contra a entrada de microrganismos e é a primeira linha de defesa da barreira da pele.

Desempenha um papel fundamental na redução do movimento da água dentro da pele e como resultado também desempenha um papel na manutenção de uma porcentagem de água livre dentro da epiderme.

Os lipídios epidérmicos que constituem as bicamadas do estrato córneo são os terceiros na linha de defesa da barreira cutânea.

Estes são produzidos pelo queratinócito durante seu ciclo através das camadas da epiderme.

Em última análise, as ceramidas constituem até 40% desses lipídios epidérmicos e desempenham um papel muito importante na redução do fluxo de água transepidérmico através da pele.

Essa porcentagem de água livre é vital para a grande quantidade de atividade enzimática que ocorre na camada granular da epiderme.

Atividade enzimática 

A água regula quase todas as reações enzimáticas e químicas do corpo, as enzimas são as primeiras operadoras do corpo. Elas são o catalisador que permite que os minerais e vitaminas em seu corpo façam seu trabalho e são responsáveis por todas as funções metabólicas. Consequentemente, se houver falta de água livre na pele, haverá um comprometimento da atividade enzimática necessária para a saúde da pele.

Como exemplo, o excesso de queratinizarão da condição da pele é exacerbado pela má dissolução dos desmossomos que prendem os queratinócitos uns aos outros. Essa dissolução é auxiliada pelas enzimas protease e glicosídicas e não será eficiente sem uma porcentagem de água livre para a atividade enzimática necessária.

Se a dissolução dos desmossomos não ocorrer, o queratinócito não estará totalmente preparado para a descamação e pode se acumular na superfície da pele ou causar comedões ao bloquear o ducto pilossebáceo.

Tratar todos os sistemas que estão diretamente envolvidos na retenção de água na pele é o segredo. Esses sistemas são os seguintes:

  • Manto hidrolipídico
  • Secreções sebáceas
  • Perda e Fluxo transepidérmico de Água (PTEA).
  • Fator de hidratação natural epidérmico (NMF).
  • Lípidos epidérmicos
  • Sistema linfático
  • Ao construir e manter todos os sistemas de defesa de barreira da pele com profissional da estética e a cliente garantir que a água adequada seja consumida para auxiliar a hidratação interna do corpo, resultará na hidratação final da derme e epiderme.

    A pele deve ser capaz de manter os sistemas e células que residem dentro dela.

    Este artigo foi uma breve visão geral da importância da água em relação ao bom funcionamento da pele e dos sistemas relacionados.

    Entender que a desidratação é uma terminologia cosmética antiga dada ao movimento da água através da pele e é a causa de outras doenças da pele.

    Lembre-se que oleosidade não é sinônimo de pele hidratada. Além de tomar quantidades suficientes de água por dia, é necessário manter a pele sempre hidratada com produtos cosmecêuticos e técnicas de tratamentos estéticos.

     É sempre bom lembrar que produtos com base em sérum é bom para peles mistas a oleosas e produtos com base em creme é indicado para peles secas.


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    Sobre a autora

    Cris Marques é esteticista, cosmetóloga formada pelo SENAC e professora de estética com mais de 18 anos de experiência. Criadora de 18 cursos profissionalizantes que já formaram mais de 22.000 alunas no Brasil e em diversos países.

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